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A guerra que você descontrói – por Liliane Lana

Malala Yousafzai, paquistanesa de 17 anos, é a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz. Ela defende os direitos da mulher à educação e luta contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo: “Nossos livros e lápis são nossas melhores armas”. Com tão pouca idade, Malala já tem sua trajetória de vida marcada – e ferida – pelo peso de ser intitulada “inimiga dos talibans”. Afinal, sua causa contraria dogmas e tradições por eles pregados.

Através da realidade do Paquistão falamos de paz. Mas temos motivo de sobra para aterrissarmos de volta ao Brasil, em nome dos brasileiros anônimos que fazem, cotidianamente, o seu pouco – que se torna muito – pela paz. Se você é um dos empenhados em manter o equilíbrio das emoções e a ética nas relações; reagir com cautela frente a ameaças e atitudes desrespeitosas; contemporizar conflitos de vizinhança, trabalho, família – parabéns! Você contribui efetivamente para a paz.

Lembremos ainda de quantos brasileiros estão, todos os dias, espremidos em ruas e avenidas insuficientes para excessivo volume de veículos, pedestres, motocicletas desgovernadamente pilotadas e bicicletas. Trânsito: eis aí um bom exemplo de como a paz – ou a guerra – se estabelecem em nosso entorno. São milhões de cidadãos se servindo de um mesmo meio para acessar seus alvos. Num só momento, cada qual com sua carga de emoções, estresse e ansiedade, quer cumprir a sua meta. Mas sem colaboração mútua, uma verdadeira guerra se estabelece.

A paz que queremos nos exige baixar o orgulho e a vaidade, deixar o ego descansar, em prol de algo que sou eu e o outro ao mesmo tempo – a dinâmica da coletividade. Alguém já disse que a Paz não significa a ausência de conflitos, mas sim a busca por solucioná-los através do diálogo, do entendimento e do respeito às diferenças.

Nestes tempos de intolerância racial, de gênero, religião, time de futebol, de origem (nordestina ou sulista – pasmem!), não custa relembrar os Seis Princípios para a Paz, apresentados pela Organização das Nações Unidas no Manifesto 2000. São valores, atitudes e comportamentos cotidianos que contribuem para a construção de um mundo melhor:

1-Respeitar a Vida e a dignidade de cada ser humano sem discriminação nem preconceito;

2-Rejeitar a violência física, sexual, psicológica, econômica e social;

3-Ser generoso, pondo fim à exclusão, à injustiça e à opressão política e econômica;

4-Ouvir e Compreender, defendendo a liberdade de expressão e a diversidade cultural;

5-Preservar o Planeta, através do consumo responsável e um modo de desenvolvimento que respeite todas as formas de vida e preserve o equilíbrio dos recursos naturais; e

6-Redescobrir a solidariedade, contribuindo para o desenvolvimento da sua comunidade, com a plena participação das mulheres e o respeito aos princípios democráticos.

 

Malala Yousafzai fala de lápis e livros. Eu falo de abraço, silêncio, compreensão, humildade. Um padrão de atitude – nada novo – para quem acredita que a paz está em nossas mãos, tanto no gesto, quanto na consciência.

Liliane Lana, gestora de Desenvolvimento Social do Minas Pela Paz

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