minas pela paz

Noticias

Múltipla escolha – por Maurílio Pedrosa

No último fim de semana, 5,8 milhões de brasileiros voltaram às salas de aula para a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mais do que testar seus conhecimentos, os candidatos buscavam a oportunidade de um futuro melhor, por meio da possibilidade de concorrer a uma vaga de curso superior nas universidades públicas e privadas de todo o país.

Durante a semana, onde quer que se ia, havia comentários sobre a complexidade das questões. Mas, se para muitos a etapa foi concluída e resta agora apenas a expectativa sobre o resultado, para outros o período de estudos e dedicação continua. Isso porque uma prova específica do Enem será aplicada nos dias 1o e 2 de dezembro para pessoas privadas de liberdade.

Nos presídios e nos Centros de Reintegração Social da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), os recuperandos se agarram a esta chance para poder transformar suas vidas. Segundo dados da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), mais de 300 recuperandos das APACs de Minas Gerais prestarão o Enem este ano. Em 2014, dos 181 detentos que conseguiram a vaga no ensino superior pelo Enem, 111 cumprem suas penas em APACs.

O desafio é grande quando se pensa nas limitações físicas e no histórico escolar desse público. Dados divulgados no último Infopen, sistema de informações penitenciárias do Ministério da Justiça, mostram que a maioria da população carcerária mineira, 56%, possui o Ensino Fundamental incompleto e apenas 7% possui o Ensino Médio completo. Mas o desejo individual dos recuperandos tem mudado, pouco a pouco, essa realidade.

A promoção da educação é um dos elementos fundamentais para o processo de ressocialização dos apenados nas APACs. Muitas vezes é dentro do Centro de Reintegração que o condenado descobre a importância dos estudos e encontra a oportunidade de completar a formação escolar. Já há algum tempo a rotina de estudos dentro das APACs é constante. O Minas Pela Paz, em parceria com o SESI, promoveu cursos de Educação para Jovens e Adultos (EJA) em diversas unidades da APAC e viu muitos sonhos serem plantados. Hoje, essa formação é oferecida pelo governo e o Minas pela Paz atua na qualificação profissional dos apenados.

A crescente participação dos recuperandos no Enem demonstra a evolução desse cenário e a inserção cada vez mais frequente desse público no Ensino Superior. Hoje, os apenados que cumprem pena nas APACs em Minas Gerais cursam a graduação, por meio da educação à distância, o que favoreceu a implantação da primeira unidade da Universidade Aberta Integrada (UAITEC) em uma APAC. A unidade de Nova Lima foi responsável por receber a sede física da Universidade, onde os recuperandos transpõem as barreiras na busca pelo conhecimento.

A implantação da UAITEC na APAC de Nova Lima foi repleta de significados. Os próprios recuperandos construíram o prédio que receberá as aulas e colocará ao alcance de cada um a possibilidade de se tornar bacharel em áreas como administração, direito e outras.

Com o acesso à educação, os condenados encontram múltiplas escolhas para o recomeço. Basta ter dedicação, força de vontade e persistência para encontrar a resposta certa e realizar seus sonhos.

Maurílio Pedrosa, gestor do Minas Pela Paz

multipla escolha

veja também