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Novos Horizontes – por Lívia Dias

A população carcerária no Brasil vem crescendo ano a ano. Segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias disponibilizado em novembro pelo Ministério da Justiça, atualmente 607.731 pessoas estão encarceradas no sistema prisional brasileiro, sendo mais de 40 mil mulheres e de 567 mil homens. Apesar da grande diferença entre o aprisionamento por sexo, o resultado chama a atenção para o avanço da participação de mulheres no mundo do crime.

Entre 2000 e 2014, o número de mulheres presas cresceu 567% e o volume de homens nas prisões cresceu 220%. Esse resultado fez do Brasil o quinto país com a maior população de mulheres encarceradas do mundo, depois de Estados Unidos, China, Rússia e Tailândia. Atividades ligadas ao tráfico de drogas são responsáveis pela prisão de 58% dessas mulheres, que, muitas vezes, atuam como coadjuvantes, favorecendo o transporte e pequenos comércios.

Analisando o raio-x do encarceramento de mulheres em Minas Gerais, percebemos que a maioria das internas – 66% – são jovens com idade entre 18 e 34 anos. Seduzidas por condições melhores de vida e visibilidade, elas acabam tomando um rumo antagônico do anteriormente previsto, distante de suas famílias e filhos. Enquanto, em alguns casos, uma detenta se apoia na outra para trocar experiências e sonhos, outras preferem o silêncio e são incapazes de confiar no outro e acreditar na reconstrução da vida. Entendemos que esta reconstrução é possível, especialmente a partir de atitudes positivas e do aproveitamento de oportunidades que surgem nas unidades prisionais.

No Complexo Penitenciário Estevão Pinto, um dos oito estabelecimentos prisionais exclusivamente femininos de Minas Gerais, um projeto inovador vem sendo realizado para que as mulheres possam alcançar conquistas além dos muros: o “Novos Horizontes, Novas Oportunidades”.

Fruto de uma parceria do Minas Pela Paz com a Fundação AVSI e o Centro de Educação para o Trabalho Ceduc Virgílio Resi, com o apoio do Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (Presp), a iniciativa promove atividades de preparação para o processo de inclusão social e geração de renda.

O diferencial do projeto é resgatar a autoestima destas mulheres e ajudá-las a desenvolver habilidades pessoais e profissionais que possam fazer a diferença no processo de recomeço. Com a orientação de profissionais especializados, elas criam um plano de desenvolvimento de vida que funciona como uma bússola na busca por um novo caminho.

O empreendedorismo, a motivação e o autoconhecimento são pilares que fortalecem a identidade destas mulheres. Até o momento, 17 pessoas já concluíram a primeira etapa do projeto e outras 17 concluem na próxima semana, se preparando para um passo importante desta caminhada, a inserção profissional. Após essas ações, o Minas Pela Paz busca oportunidades para que essa mulher seja inserida no mercado de trabalho. O Presp participa na promoção da cidadania, buscando, em conjunto, alternativas para sua inclusão social.

Acreditamos que esse será um dos caminhos importantes para que estas mulheres possam transformar suas vidas e conseguir, efetivamente, vislumbrar novos horizontes para suas vidas.

 

Lívia Dias, técnica social do Minas Pela Paz

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