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Um presente chamado sonho – por Ronalte Vicente

Chegamos ao final de mais um ano. E, para muitos, não foi um ano fácil. Mas não vamos prolongar com palavras o que não foi bom no ano que termina. Nosso objetivo é compartilhar com você, caro leitor, experiências deste ano que gostaríamos que permanecessem e se multiplicassem no próximo ano. Estamos falando de construir oportunidades, possibilitar sonhos, manter viva a fé nas pessoas.

Pensar a profissionalização de adolescentes e jovens autores de atos infracionais é um enorme desafio. Estamos falando de alguém que em sua curta história de vida acumula, quase sempre, um longo caminho de privação e violação de direitos, o que culmina em um grave quadro de vulnerabilidade e exclusão social.

Visando enfrentar esse desafio, apostamos na inserção produtiva como estratégia de inclusão social dos adolescentes em Belo Horizonte. Esta aposta se materializa através do Projeto Trampolim, uma ação do Minas pela Paz em parceria com o Tribunal de Justiça, Prefeitura de Belo Horizonte, Ministério Público, Governo de Minas Gerais e a importante contribuição de entidades profissionalizantes: Assprom, Ceduc, Cruz Vermelha, Junior Achievement, Rede Cidadã e Senai. Essas entidades acolhem, capacitam e acompanham os adolescentes inseridos no mercado de trabalho formal por meio de programas de aprendizagem. Somente em 2015, mais de 100 adolescentes foram inseridos e já estão realizando seus sonhos através do trabalho.

Esta e outras iniciativas focadas na qualificação e inserção profissional de adolescentes estão descritas em recente artigo publicado pelo Fórum Permanente de Atendimento Socioeducativo no livro “Desafios da Socioeducação: Responsabilização e Integração Social de Adolescentes Autores de Atos Infracionais”. O artigo foi produzido no âmbito da comissão de profissionalização do Fórum, cuja coordenação é realizada pelo Minas Pela Paz. O artigo registra uma análise das atividades e iniciativas que contribuem para inclusão social de adolescentes e promovem um rompimento do ciclo de criminalização e exclusão social.

Como potencializar de forma efetiva a qualificação e a profissionalização de adolescentes e jovens, negros e pardos em sua maioria, com baixa escolaridade, excluídos e temidos pela sociedade, alijados dos múltiplos processos de sociabilidade e formação para a vida e o mercado de trabalho? Difícil. Mas temos um caminho!

É preciso problematizar a atividade laboral. Afinal, o que se entende por trabalho?  Nesse contexto entendemos que a concepção de trabalho deve contribuir para uma abordagem que promova, de fato, a inclusão social dos jovens atendidos no sistema socioeducativo. É preciso considerar o caráter ontológico do trabalho. O direito ao trabalho é constituinte do ser humano. Promover o trabalho protegido é possibilitar condições para a expressão da humanidade. Portanto, é preciso considerar o trabalho e os seus significados para os sujeitos e para a sociedade. Dessa forma, considera-se a capacidade que o trabalho tem de atribuir um lugar socialmente reconhecido. Oportunizar trabalho para adolescentes excluídos dos processos produtivos é um ato humanista.

Acesso: esse é o melhor presente que podemos oferecer aos nossos jovens.

Ronalte Vicente, coordenador de projetos do Minas Pela Paz

 28.12.15

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