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INFÂNCIA PERDIDA – por Maurílio Pedrosa

Duas crianças cruzam o olhar em um sinal de trânsito. Uma está dentro do ônibus e, a outra, fora dele. Elas vivem na mesma cidade, possuem a mesma idade, mas enfrentam realidades muito distintas. A que está dentro do ônibus vê encantada o talento da criança malabarista que se exibe embaixo do sinal fechado. A que está fora do ônibus sonha em estar dentro dele, ao lado de outras crianças, a caminho da escola.

Essa é uma cena comum nas grandes cidades, que se repete diariamente, escancarando para a sociedade um dos dramáticos problemas sociais do Brasil: o trabalho infantil. Também na zona rural a exploração da mão de obra infantil é intensa, em atividades ligadas à agricultura, pecuária e extrativismo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apurados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2016, 2,7 milhões de crianças entre 5 e 17 anos trabalham de forma ilegal em todo o país.

Por trás dos pequenos malabaristas, agricultores, vendedores de balas, engraxates, traficantes de drogas, estão crianças que – em sua grande maioria – não conseguem alcançar um desenvolvimento digno e saudável. Estão também pais ou parentes em condições de extrema vulnerabilidade e, muitas vezes, inescrupulosos, que permitem que essas crianças troquem as salas de aula pelas ruas ou pelo trabalho exaustivo nas propriedades rurais, em busca de dinheiro, comida ou quaisquer coisas que os permita sobreviver.

Várias dessas crianças, ainda na infância ou no início de sua juventude, acabam se encontrando com o crime, em um ciclo vicioso de violação de direitos e também de deveres. O Minas Pela Paz, através do Projeto Trampolim, oferece a jovens em cumprimento de medidas socioeducativas uma perspectiva de nova trajetória de vida, pautada nos estudos e no trabalho formal protegido, especialmente pelos programas de aprendizagem.

O efeito para os participantes do Projeto Trampolim é um verdadeiro salto de qualidade de vida, que na oferta da oportunidade, aguça a vontade de aprender, eleva a autoestima e resgata o brilho nos olhos de cada jovem: brilho este que nunca deveria ter deixado de existir.

Maurílio Pedrosa, gestor do Minas Pela Paz

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