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Um trampo como trampolim- por Maurílio Leite Pedrosa

Em meio à euforia e alegria trazidas pela Copa do Mundo, a imprensa interrogou turistas requerendo opiniões em relação ao nosso país: o que temos de bom e o que merece “cartão vermelho”. Os aspectos positivos foram mais citados mas, um entrevistado, talvez suíço, ressaltando impressões negativas, apontou a desigualdade social.

Sabemos que esta é uma realidade que “grita” na sociedade. Grande parte da população sem acesso a serviços básico; escolas com baixa qualidade de ensino; saúde deficiente; ambientes violentos e sem estrutura familiar. Neste contexto, como podemos promover o “país do futuro” se a nação não cuida das novas gerações? Nem tudo reside sob a responsabilidade do governo. E poucos de nós parece perceber que esta é uma bola de neve, crescente em volume e complexidade, e que são necessárias respostas cada vez mais urgentes e efetivas, ainda que sejam no longo prazo. Na contramão disso, boa parcela de nossa sociedade se coloca diante desse problema com uma visão unilateral e equivocada de que a solução é apenas prender, espancar e punir – ou até matar-, como se não se tratasse de vidas humanas mas de meros objetos extirpáveis da nossa sociedade.

A delinquência juvenil brasileira é um fenômeno social que atinge diretamente um perfil muito específico de brasileiros. Em geral, são jovens entre 14 e 18 anos, pobres, com trajetória educacionais desqualificadas, negros e pardos, majoritariamente, moradores das periferias brasileiras. A delinquência juvenil no Brasil, não é só um problema social; é, antes, consequência de um conjunto de privações de direitos.

O Minas Pela Paz faz eco àquele entrevistado estrangeiro: a desigualdade social é sim um grave problema no Brasil. Pensamos um caminho  possível que é o de promover a inclusão social de adolescentes em situação de vulnerabilidade. Em parceria com a sociedade civil e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, buscamos a inserção formal no mercado de trabalho para adolescentes, inclusive os que cumpriram medidas socioeducativas. É o Projeto Trampolim.

Enquanto não nos abrimos a eles, outros segmentos ilegais e tortuosos continuarão ávidos a cooptá-los como massa de manobra para expansão da criminalidade. Ainda que tenhamos muito por realizar – a começar pela quebra do preconceito e a permanente sensibilização de empresários para contratações – o Trampolim é um passo inicial que pode ser a oportunidade que faltava a novos brasileiros à procura de um espaço digno e cidadão para serem incluídos produtivamente.

Queremos, também, abrir o debate com toda sociedade para abordar o tema de forma clara e objetiva, com franca participação. Por esta razão, a convite do Ministério Público, integramos o Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de Belo Horizonte. De forma intersetorial, o Fórum reúne entidades afins e transversais ao tema com o objetivo de propor novas soluções e, quem sabe, novas políticas públicas efetivas para o enfrentamento do problema. Faça parte da solução, te convidamos.

Gestor de Defesa Social do Minas Pela Paz

07.07.14_Hoje_em_Dia

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